Título: Dois Rios
Título Original: Two Rivers
Autor: T. Greenwood
Editora: Novo Conceito
Páginas: 448
Sinopse: Harper Montgomery vive ofuscado pela tristeza. Desde a morte de sua mulher, há 12 anos, ele aprisionou-se em uma pequena cidade, Dois Rios, onde todo mundo se conhece, porque ali — justifica-se — poderia criar melhor sua única filha. Atormentado pelo desgosto, Harper prefere esconder-se. Mas a verdade é que a morte de sua mulher é somente um dos motivos de sua dor. Além de sofrer por sua perda, ele se sente culpado por um ato abominável: quando mais jovem foi cúmplice de um crime brutal e sem sentido. Há muito sentimento em jogo quando se trata de sua vida cheia de remorsos... Então, um acidente de trem oferece a Harper a chance de redenção: uma das sobreviventes, uma menina de 15 anos, grávida, precisa de um lugar para ficar, e ele se oferece para levá-la para casa. No entanto, a aparição dessa menina, Maggie, não tem nada de simples acaso, talvez, ela tenha alguma coisa a ver com o crime do qual ele participou um dia...
Resenha: “Dois Rios” de T. Greenwood é uma história complexa que aborda assuntos relevantes sobre questões sociais, escolhas que podem mudar uma vida inteira e segredos envolvendo o passado e o presente. Há um misto de sentimentos de ódio, perdão, aflição, compaixão, amor e até cumplicidade.
Com uma narrativa detalhada em épocas distintas e
muito bem escrita, o autor cria um quebra-cabeça e é tentador o modo como o
leitor precisa desvendar o mistério que cerca cada peça do jogo, para que se
encaixe com exatidão.
Harper Montgomery vive em Dois Rios, Vermont
com sua filha Shelly. Ele é um homem triste, solitário, deprimente e
conservador, e se ficou assim foi após a morte de sua mulher Betsy e por ter
feito algo horrível. O modo como narra suas experiências passadas, diante de
memórias que lhe assombram, expõe um lado de sua vida que parece não ter tido
um bom desfecho e depois de 12 anos ele ainda se martiriza por suas escolhas e
atos.
Quando acontece um acidente de trem o leitor pode
pensar que a narração irá se focar neste ato, porém não é que acontece. Por
outro lado, as descrições do ambiente se mostram adoráveis e vividas, e as
características justificam toda a profundidade do enredo, bem como as
sensibilidades dos personagens. Dá uma vontade enorme de conhecer esse lugar
tão belo e encantador.
O livro expõe assuntos como o racismo, gravidez, morte
e doenças. Quando uma adolescente grávida, chamada Maggie, entra na vida de
Harper as coisas começam a acontecer rápido demais, ela lhe conta uma história
desesperadora e vai morar por um tempo com ele e a filha – e nem tudo parece
ser o que é – e a partir desse momento as reviravoltas surgem para surpreender
ainda mais o enredo e intimidar qualquer tipo de situação.
É uma história tumultuada, melancólica e opressiva,
além de que requer muita analise sob o ponto de vista de cada um e da bagagem
emocional que os personagens carregam. Independente de tudo, o mais
interessante é poder perceber que existe uma conexão real que envolve a
história de cada figura apresentada.
Apresenta também várias mensagens de comoção,
envolvendo laços familiares, o verdadeiro amor e a valorização das pessoas que
estão ao nosso redor. Nos obriga a pensar em nossas próprias ações e o caminho
que escolhemos para determinadas circunstâncias.
“Amoras-pretas. A pele do homem traz à sua memórias as
amoras-pretas do verão anterior. A cor de quase meia-noite. A cor de uma
escoriação. É nisso que Harper pensa quando olha para o homem que eles levaram
até o rio, aquele que, agora, está com água até a cintura, implorando pela
vida: o milagre da pele humana de possuir a mesma tranqüilidade preto-azulada
de uma fruta madura, da noite, da própria angústia.” Pg,13
Classificação
SEL: 4/5
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