Título: Álbum duplo
Um rock romance
Ficção Brasileira
Autor: Paulo Henrique Ferreira
Editora: Record
Páginas: 176
Sinopse: O romance conta a história do jovem Marlo Riogrande, que se depara com a situação de ter magoado e perdido sua namorada, Marcela. Neste fundo do poço, Marlo lida com as questões que o impedem de crescer: o sexo, as drogas legais e ilícitas, o sufocante ambiente de trabalho e, após ser abandonado por Marcela, uma vida sem boas perspectivas. Com uma narrativa em primeira pessoa, o protagonista convida o leitor a ser o elemento onipresente da história e entrelaça suas reflexões com uma trilha sonora espetacular de rock and roll, além de outras referências da literatura, cinema e cultura pop. O livro sugere uma trilha sonora com 51 canções – de Beatles a Belchior – que formam a espinha dorsal da narrativa. Com ajuda das canções, Marlo Riogrande coloca em xeque suas dúvidas e inseguranças, respaldado pelos fatos e esclarecedores diálogos com diferentes personagens que surgem ao longo da história. Com claras influências de Nick Hornby e Fernando Sabino, Paulo Henrique Ferreira traz uma proposta de leitura com um texto leve, que facilita a experiência do leitor. Porém, o texto toca em temas atuais e delicados, como a “baixa fidelidade” de uma geração plenamente conectada, as ansiedades de uma vida urbana e desafiadora, e as dificuldades que muitos jovens adultos têm para abandonar suas próprias inseguranças e entrarem – de uma vez por todas – na vida adulta.
Resenha: “Álbum duplo - um rock romance” do jornalista Paulo Henrique Ferreira,
possui uma proposta atraente para ler o romance sob ângulos diferentes através
da música. São 51 faixas relacionadas a cada momento e perspectiva. O destaque,
é claro, esta nas referencias do Rock n’ Roll. É um livro tão delicioso de ler que
o leitor nem percebe quando já o está finalizando. E o nome desta obra é
perfeito para as apresentações: quem nunca comparou uma música a uma lembrança?
Ou simplesmente guarda uma canção especial para recordar de alguém, de um tempo
único e que não volta mais.
São muitos os devaneios de Marlo Riogrande. E em meio a isso, uma das garantias é que é possível
haver considerações com respeito aos seus pensamentos e até mesmo uma
identificação por parte de quem está lendo. Pode depender de cada situação vivida,
mas o relato se mostra intenso e bem real.
Logo, há a exposição sobre a vida do protagonista,
desde a adolescência, os dramas e pensamentos atrevidos, estudos e profissão.
As coisas estavam dando certo e ele começava a planejar melhorias para o
futuro, só que acabou conhecendo Marcela.
Ele se apaixonou por ela e acabou desestruturando suas idealizações e projeções
para qualquer coisa. Nesta nova fase, se sentia mais vivo e mudaria qualquer
coisa para ficar ao seu lado.
O grande problema é que Marlo se perdeu e cometeu um
erro – ou vários – e fortes o suficiente para ficar sem a pessoa amada e magoá-la bastante por suas atitudes desenfreadas. A
verdade é que por achar Marcela uma pessoa mais inteligente, culta, linda e
segura, ELE não seria o suficiente para isso. A distância aumentou
gradativamente e em vez de construir e valorizar sua autoestima em algo
construtivo, o rapaz se arriscou ao máximo e fez a besteira. A relação do casal
foi totalmente destrutiva em pouco tempo e antes que pudesse se dar conta,
Marlo estava em uma situação perigosa, radical e sem volta, envolvendo sexo e drogas. Por fim e como já
era mesmo de se esperar, Marcela terminou com ele e óbvio que tinha toda a
razão.
Assim chega-se ao ponto de como se encontra Marlo:
desolado e mais ainda, derrotado. O autor escreve de um jeito coerente e cheio
de sentimentos diversos. Tudo parece mais complicado, irritante e melancólico.
Não houve escapatórias e agora tudo que restou foram as conseqüências pelos
seus atos obscuros. Pior ainda é ver Marcela seguindo sua vida e tendo novos
encontros. Tem como ficar pior? A culpa é uma indulgência complexa e
desinibida, com várias pontas soltas e medos por toda parte. Ele sabe que
deixou passar várias oportunidades e os acontecimentos só comprovam a escolha
de caminhos inconvenientes.
Este é um livro repleto de esperanças, concretizações
e anseios. Os pontos de vista do personagem são idealizados por palavras
decididas, fases obscuras e encontros emocionantes. Passa lições importantes
sobre recomeços, novas chances, persistência, amadurecimento, perdão e
construção de uma vida melhor com um sentido verdadeiramente consistente.
“Eu sei que neste romance o onipresente é você,
leitor. Quanto a mim, sei que meu nome é Marlo Riogrande e estou completamente
perdido, em um beco sem saída. Não quero entrar em mais detalhes da minha vida
agora, pois este livro não é uma porcaria de autobiografia. Não mesmo. É mais
um desabafo de quem está sob uma pressão desconcertante e não suporta mais a
sensação de não ter para onde ir. Não é aquela sensação de estar no seu
apartamento abafado num domingo à tarde, com calor, sem ter o que fazer,
lamentando o tédio. Não mesmo.
Por isso peço a você paciência. Sei que em alguns
momentos você vai se identificar comigo, em outros corro o risco de você me
abandonar e sair correndo, mas mesmo assim vou ser franco. Você está lidando
com alguém que tem uma única certeza: a de não ter escapatória. Não ter
escapatória da própria vida, da cidade grande ou do interior, da necessidade de
ganhar e guardar dinheiro, de ter que acordar e dormir, se alimentar ou ir ao
banheiro, de envelhecer e, com um pouco de sorte, morrer triste, sem muita dor.
Enfim, a certeza de que há como escapar de nós mesmos, dos limites da espécie
humana, do tempo presente ou da eternidade. Concordo com Bob Dylan quando canta
“nós estamos encaixotados, não há por onde escapar”.” Pg.13
Classificação
SEL: 4/5
Comentários
Beijos.
http://livrosleituraseafins.blogspot.com.br/
achei esta capa fofa demais também, acho que não poderiam ter escolhido uma melhor... perfeita para o tema abordado!
vou dar uma pesquisada mais a fundo nele, pois não deve ser menos que excelente!!!