Resenha: Território Fantasma - William Gibson, Editora Aleph

Informações do livro:
Título: Território Fantasma
Blue Ant - Livro 02
Título original: Spook Country (Blue Ant #2)
Autor: William Gibson
Editora: Aleph
Páginas: 400



Sinopse: Retomando o universo tecnológico movido pelos interesses das grandes mídias apresentado em Reconhecimento de Padrões, Gibson cria uma nova trama envolvendo antigos e novos personagens que se movem no mundo pós 11 de setembro, marcado pela fugacidade e por novas formas de controle de informação, paranoia e patriotismo. Tito vive num quarto de armazém e faz trabalhos delicados que envolvem transferência de informações. Milgrim, um viciado especialista em criptografia, é sustentado pelo o misterioso Brown. Hollis Henry é uma jornalista contratada por Hubertus Bigend para um trabalho investigativo, cuja missão é encontrar Bobby Chombo: um “solucionador de problemas” para fabricantes de equipamentos de navegação militar que nunca pernoita duas vezes no mesmo lugar nem se encontra com outras pessoas. É a busca por esse misterioso personagem que acaba unindo a todos numa surpreendente jornada.



 Confira também a resenha de Reconhecimento de padrões (resenha)


Resenha: Território Fantasma” de Willian Gibson é o segundo volume da trilogia Blue Ant, sendo que o primeiro se chama Reconhecimento de padrões. Neste novo enredo o autor criou uma atmosfera ampla, decida e repleta de surpresas. Ainda percebe-se o quanto a narrativa se torna peculiar e provocativa ao longo dos acontecimentos, fazendo com que o leitor se baseie em cada detalhe para desvendar o mistério por trás da obra. E o título não poderia ser mais sugestivo (quem leu vai concordar comigo!).

Agora a trama gira em torno de Hollis Henry,mais uma personagem forte, decidida e bastante irreverente. Antes integrava uma banda de rock e agora faz seu trabalho atuando como jornalista numa revista. O enigmático Humbertus Bigend entra em cena novamente para ir atrás de novas respostas. Outras personalidades são inseridas como Tito, Brown e Milgrim e cada um possui um estilo diferente. Ainda há a inserção de um contêiner que possui uma carga misteriosa. E a história converge nesse objeto central, procurado pelas pessoas nas três linhas de história diferentes. Este alvo é indefinido durante a maior parte da obra, e uma sutil sensação de desconexão surge no meio das cenas.

As questões ligadas às tecnologias, manipulação de informações e o marketing são tratadas com inteligência, bem como a ficção do enredo, que envolve as missões, conspirações, muito mistérios, perseguições e conflitos. Não sei se quem leu teve essa mesma impressão: mas em certos momentos havia um sentimento de paranoia; de não saber o que é o certo e o errado.

O interessante é que há uma grande interação sobre a realidade e a ficção cientifica. Tudo que Gibson escreve possui lógica e determina as ligações de todos os personagens. A mensagem real do texto varia de acordo com as perspectivas das pessoas, ou seja, existe a exposição relevante do jeito das pessoas viverem por meio da tecnologia – e cada um pode interpretar de maneira diferente.

O estilo minimalista e a sagacidade discreta da escrita são o destaque principal A exploração das sensibilidades, das ironias e das paixões de seus personagens é reconhecida por meio de um texto ágil e analítico. Ainda assim este volume possui menos suspense do que Reconhecimento de Padrões e não muita ação, sendo que quando acontece os momentos são bem passageiros.



“Humbertus Hendrik Bigend, nascido em 07 de junho de 1967, em Antuérpia, é o fundador da inovadora agência de publicidade global Blue Ant. É o filho único do Industrial Benoit Bigend e da escultora belga Phaedra Seynhaev. Muito se especulou, tanto por admiradores como por detratores de Bigend, a respeito das antigas ligações de sua mãe com a internacional Situacionista (o relato de que Charles Saatchi o descreveu como um ‘situacionista malandro, surgido do nada’ é tão famoso quanto falso), mas o próprio Bigend já declarou que o sucesso da Blue Ant tem a ver apenas com seus próprios talentos, um dos quais, ele afirma, é a habilidade de encontrar precisamente a pessoa certa para determinado projeto.” Pg.88




Classificação SEL: 3/5 

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