Título: À sombra da figueira
Título original: In The Shadow Of The Banyan
Autor: Vaddey Ratner
Geração Editorial
Páginas: 360
Sinopse: Para a menina Raami, de sete anos de idade, o fim abrupto e trágico da infância começa com os passos de seu pai voltando para casa na madrugada, trazendo detalhes da guerra civil que invadiu as ruas de Phnom Pehn, a capital do Cambódia. Logo o mundo privilegiado da família real é misturado ao caos da revolução e ao êxodus forçado. Nos quatro anos seguintes, enquanto o Khmer Rouge tenta tirar da população qualquer traço de sua identidade individual, Raami se apega aos únicos vestígios de sua infância — lendas míticas e poemas contados a ela pelo seu pai. Em um clima de violência sistemática em que a lembrança é uma doença e a justificativa para execução sumária, Raami luta pela sua sobrevivência improvável. Apoiada no dom extraordinário da autora pela linguagem, Sombras da Figueira é uma história brilhantemente intricada sobre a resiliência humana. Finalista do Prêmio PEN Hemingway este livro vai levá-lo às profundezas do desespero e mostrar horrores abomináveis. Vai revelar uma cultura maravilhosamente rica, lutando para sobreviver através de pequenos gestos,. Vai fazer com que jamais sejam esquecidas as atrocidades cometidas pelo regime Khmer Rouge. Vai lhe encher de esperança e confirmar o poder que há ao se contar uma história de nos elevar e nos ajudar não somente a sobreviver, mas à transcendência do sofrimento, da crueldade e da perda.
Resenha:
“À sombra da figueira”, de Vaddey
Ratner, revela uma história complexa, dramática e, da mesma forma, se
mostra inspiradora demais. As características dos personagens demonstram o
quanto as emoções são profundas e é por isso mesmo que a narrativa apresenta
elementos tão realistas e perceptíveis perante nossa própria realidade.
A ambientação se passa em Camboja,
Sudeste da Ásia, no ano de 1975. Pol Pot é o responsável por uma ditadura excêntrica
e cheia de implicações arriscadas. O leitor se sente devastado com as descrições
sobre esses fatos apavorantes, mas a verdade é que não há palavras suficientes
para descrever todo o terror vivenciado por tantas pessoas.
O exercito imposto na época não
parecia ver as consequências doentias de seus atos, revelando uma crueldade sem
fim. Tudo girava em torno de produtividade, sem nem dar valor a outros tipos de
elementos importantes em um trabalhador. Como se não bastasse, a pressão por
melhorias também estava se mostrando cada vez mais forte.
Aos sete anos de idade, a garotinha Raami não estava esperando por mudanças
tão devastadoras em sua vida. Sua infância foi finalizada para dar espaço a
momentos marcantes e repletos de sofrimentos. Seus movimentos são restringidos,
já que a garota teve poliomielite e apesar da fragilidade, consegue entender
rápido que as coisas ao seu redor já não são mais as mesmas.
O fato é que é impossível prever as
atitudes, o que torna esse livro ainda mais sensível, ousado e intrigante. A
realidade violenta é imposta de forma muito rápida, e as transformações acabam
sendo responsáveis por um amadurecimento amargo e desumano. Os aspectos do
fanatismo nesse cenário também assombram bastante, principalmente por revelar traços
tão íntimos do ser humano. É por causa dessas ações que somos obrigados a
questionar até onde pode chegar o limite de alguém intolerante, em busca de um domínio
interminável.
Claro que é possível perceber que a
autora se dedicou bastante em suas pesquisas para concluir esse romance. Ainda
mais porque pude constatar que Vaddey Ratner teve experiências com trabalhos
forçados desde que Khmer Vermelho assumiu o poder. Também passou por perdas,
dentre outros casos desesperados, e é por isso que o romance se mostra tão
especial, tocante e único.
Classificação SEL: 4/5
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