Resenha: Vidas secas - Graciliano Ramos, Principis

 Sobre o livro:




Sinopse: A crueldade da seca e a vida miserável fazem com que uma família de retirantes sertanejos seja obrigada a se deslocar de tempos em tempos para áreas menos castigadas do sertão brasileiro nordestino. O estilo seco de Graciliano Ramos parece transmitira aridez do ambiente e seus efeitos sobre as pessoas que ali estão. Pertencente à segunda fase modernista, conhecida como regionalista, esta é qualificada como uma das mais bem-sucedidas criações da época.



Resenha: Vidas secas, de Graciliano Ramos, recebe um nova edição pela Principis. A obra, publicada originalmente em 1938, é marcada por retratar condições de vida e questões sociais que afetam as diferentes regiões do país.

Não há dúvidas de que essa é uma obra-prima da literatura brasileira. Apresenta uma narrativa profunda e sensível, justamente ao trabalhar em cima de temas como alienação, miséria, opressão e relacionados.

Um romance emblemático ao adentrar no sertão nordestino e acompanhar a vida de uma família de retirantes.

De forma crua e visceral, o leitor conhece Fabiano, sua esposa Sinhá Vitória, seus dois filhos e a cadela Baleia, esta que representa um elo emocional tocante na trama. Eles vivenciam a dificuldade pelo sertão, em meio à seca e a muita miséria e desespero.

A falta de água e comida levam essas pessoas a passarem por várias situações complicadas, tudo para conseguir o mínimo pela sobrevivência.

Essa é uma história carregada por metáforas, afinal de contas, a aridez não diz respeito apenas a seca em si, mas também as relações humanas e as incertezas que seguem. Falta recursos no ambiente físico, assim como também não há emoções e comunicação em todo esse cenário desolador e implacável. A luta diária consome tudo que eles poderiam oferecer, e só lhe restam uma enorme fragilidade sobre a jornada.

Trilha sonora:

Uma música que representa bem o espírito de Vidas Secas, é "Asa Branca", de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. Essa canção é um dos grandes hinos do sertão nordestino e narra a dura realidade da seca e a migração forçada que ela provoca.

"Asa Branca" fala da partida de um sertanejo que, assim como Fabiano e sua família em *Vidas Secas*, é obrigado a abandonar sua terra devido à falta de água e às condições insuportáveis do sertão. A música traduz de forma poética o sofrimento, a saudade e a esperança de um retorno quando a chuva vier.

Questionamento:

Ao ler Vidas Secas, de Graciliano Ramos, e testemunhar a vida árdua e silenciosa da família de Fabiano, o leitor é levado a refletir: como o ambiente opressor do sertão e as condições de extrema miséria moldam não apenas as ações dos personagens, mas também sua própria humanidade? Em que medida a falta de palavras e a aridez das emoções são uma consequência direta das adversidades ou uma forma de resistência diante de uma vida que oferece tão pouco?

Classificação: 5/5

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