Resenha: Atormentada @JeannineGarsee @ed_pensamento

Informações do livro:                                 

Título: Atormentada

Título Original: The Unquiet

Autor: Jeannine Garsee

Editora: Jangada

Páginas: 368

SKOOB | GOODREADS 

Sinopse: Rinn é uma garota bipolar, que mantém o transtorno sob controle com a ajuda de medicação. Ela mora com a mãe e estuda no Colégio River Hills, onde dizem que a piscina é assombrada por Annaliese, uma adolescente que se afogou ali vinte anos antes. Quando coisas terríveis começam a acontecer aos seus colegas e não a ela, Rinn promete descobrir por que não pode ser “atingida” pelo espírito de Annaliese. Ela consegue fazer contato com o fantasma, que não se mostra nada pacífico. Ao descobrir o motivo, Rinn pede ajuda para seu namorado Nate, e elabora um perigoso plano para descobrir a verdade. Logo realidade e fantasia se confundem, até Rinn perceber que é quase impossível diferenciá-las. Diante de uma força malévola que ameaça a vida de todos de quem ela gosta, Rinn se pergunta se de fato pode confiar no que sente ou se está novamente perdendo o contato com a realidade.

Resenha: “Atormentada” da autora Jeannine Garsee tem um estilo dramático, sério e instigante, que daria um ótimo filme de suspense ao qual eu adoraria assistir. Possui um enredo envolto de diálogos fortes e comprometedores, instigando o leitor a continuar a leitura em uma fluidez ágil e habilidosa. Aliando a este conjunto de fortes emoções, todos os personagens surgem para dar um complemento envolvente na trama misteriosa e ao mesmo tempo reveladora. A protagonista entra em cena para chamar mais ainda a atenção, e desde o inicio remete a uma incrível sensação de incompreensão, paranóia e por oras, até sarcasmo. Corinne Jacobs (ou simplesmente Rinn) é o próprio enigma em pessoa e se revela a cada página virada, através dos seus problemas, temores e loucuras tão sombrias.

“Eles me diagnosticam como bipolar quando eu tinha 14 anos. A principio a minha mãe achou que eu tinha distúrbio de déficit de atenção e hiperatividade. Nada prendia a minha atenção, eu não conseguia me concentrar, mal conseguia me sentar para ver um filme.” Pg.51

As perguntas não param de surgir diante de conversas relacionadas a medicamentos e um passado conturbado. No começo, Rinn e sua mãe se mudam de cidade e aparentemente por causa de algo terrível que a menina causou na vida de seu padrasto, e que por sinal ele não conseguiu perdoar. 

Logo, descobre-se que ela tem vários problemas, como bipolaridade e diz ouvir vozes. O caso é que houve realmente um acidente a envolvendo e que infelizmente ocasionou na morte de sua avó – mãe do seu padrasto. Como se tudo isso não bastasse, e ainda tendo que se habituar a um novo local e em uma nova escola, sua nova casa possui uma história surreal e arrepiante envolvendo um enforcamento em seu quarto. Dizem também que na escola, em um túnel, existe um fantasma de uma garota chamada Annaliese Gibbons e coisas estranhas acontecem nesse local.

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“Eu posso esconder minha culpa assim como escondo o meu passado. As pessoas não podem ler os meus pensamentos. Ninguém nessa cidade conhece as minhas lembranças.” Pg.58

A relação de Rinn com Nate Brenner parece ser surreal e as vezes bem confusa. A própria garota não consegue explicar essa atração incontrolável, mas no decorrer dos acontecimentos, ambos percebem que podem se completar de alguma maneira boa. O desenvolvimento deste relacionamento foi muito bem trabalhado pela autora – e confesso que despertou alguns sorrisos involuntários em mim. 

Em paralelo, os outros personagens secundários se fazem presentes em diversos momentos significativos e cada um parece complementar a vida de Rinn – seja de modo positivo ou negativo. Através de uma narrativa determinada e perspicaz, acompanhamos também alguns dilemas de seus amigos, (Tasha, Meg, Dino, Cecília e Lacy) seja por meio de algo mais assustador, por conta de uma morte inesperada, apenas um baile de colégio ou até uma gravidez conflituosa.

“O que minha mãe ainda não percebeu, depois de todos esses anos, é que eu posso surtar sem a ajuda de ninguém. Afinal, nada ‘causou’ meu transtorno bipolar. Nenhuma mudança drástica na minha vida. Nenhum evento traumático. A psicose pode surgir do nada, na vida de qualquer pessoa, e ninguém sabe por quê. Nem mesmo os melhores médicos do planeta.” Pg.60

Com uma tensão empolgante, “Atormentada” cria expectativas sobre as sequências das cenas e do que pode ser real ou não. O melhor foi analisar e se surpreender com as reviravoltas apresentadas no desfecho – arrepiante. A autora reúne certa afinidade num ambiente confortável, até que novos acontecimentos surgem para arrebatar qualquer tipo de emoção. E até este ponto consegue nos deixar desconcertados e pensativos – diria inquietante.

Nenhum evento traumático. A psicose pode surgir do nada, na vida de qualquer pessoa, e ninguém sabe por quê. Nem mesmo os melhores médicos do planeta.” Pg.60

Ainda gostaria de frisar que seria muito interessante MESMO ver um filme baseado nesta história. Como fã que sou – de suspense e terror – este thriller mexe com as emoções do leitor e garante uma sensação de intensidade psicológica aterrorizante. 

Pensei que em algum momento a narrativa fosse ficar sobrecarregada por trazer tantos temas fortes, porém Jeannine Garsee soube elaborar com maestria os fatos, apresentando clareza e desenvolvimento intencional. O único ponto negativo foi mesmo o final que ficou com uma sensação corriqueira. Fora isso, a leitura flui com rapidez e instiga o leitor a querer continuar a saber mais sobre a história, bem como o rumo dos personagens.

“É engraçado como algo pode nos deixar de cabelo em pé quando você está lá, no calor do momento, e todo mundo está tão assustado quanto você.” Pg.67

Enredo fantástico, e que capa maravilhosa!

Classificação SEL: 4/5