Resenha: Filhos do Jacarandá - Sahar Delijani @GloboLivros

Informações do livro:                                 
Título: Filhos do Jacarandá
Título Original: Children of the jacaranda tree
Autor: Sahar Delijani
Editora: Globo Livros
Páginas: 232



Sinopse: Em 1983, uma menina chamada Neda nasce dentro de uma prisão em Teerã, capital do Irã. Sua mãe é uma prisioneira política que só consegue cuidar da filha recém-nascida por alguns meses antes que ela seja levada, à força, para longe de seu convívio. Neda é uma personagem fictícia de Filhos do jacarandá, primeiro romance escrito por Sahar Delijani, mas sua história se mescla com a da própria autora, que passou seus primeiros 45 dias de vida na penitenciária de Evin, na capital iraniana. "Filhos do jacarandá" não chega a ser uma biografia, mas é inspirado em experiências reais dos pais e familiares de Delijani depois que o país passou de monarquia a república, com a revolução de 1979 – que derrubou o xá Reza Pahlevi e instituiu o comando do aiatolá Khomeini. Seu tio foi executado e seus pais, contrários a ambos os regimes, foram encarcerados. Para a autora, o romance “é uma tentativa de manter viva a memória de meu tio e de todos aqueles que foram mortos naquele verão sangrento, para além de colocar um pouco de luz nesse momento negro da história iraniana. É também uma narrativa de violência, prisão e morte, que permaneceu inédita por muito tempo”. Publicada em mais de 20 países, a história recebeu elogios de Khaled Hosseini, autor que emocionou o mundo com O caçador de pipas e, mais recentemente, com O silêncio das montanhas: “ambientado no Irã pós-revolução, o emocionante romance de Sahar Delijani é uma poderosa denúncia da tirania, um tributo comovente àqueles que carregam as cicatrizes de tempos sombrios e uma celebração da eterna procura do homem pela liberdade”. Filhos do jacarandá conta a história de três gerações de homens e mulheres inspirados pelo amor e pelo idealismo, que perseguem sonhos de justiça e liberdade. É um tributo às crianças da revolução, segundo a autora. “Muitas pessoas acabaram sendo aprisionadas pelo novo regime, e os filhos do título são os filhos delas – crianças que nasceram no período pós-revolução e foram educadas por seus avós, tios e tias, já que seus pais estavam na cadeia”. É um livro que trata de repressão política, mas que também revela como fortes laços familiares não são desfeitos nem nas piores circunstâncias.





Resenha: “Filhos do Jacarandá” apresenta uma narração rica em detalhes fortes, chocantes e comoventes, levando em consideração todos os sentimentos dos personagens que se encontram nas páginas desta obra. É preciso destacar que o livro se divide em partes, apresentando vários personagens sob perspectivas dramáticas e peculiares, remetendo à relatos de casos reais.

No inicio, somos redirecionados à uma prisão de Evin em Teerã, no ano de 1983. Azari, prisioneira política, se vê em pânico diante de tudo que estava acontecendo e preocupada, assolada pelas lembranças ruins da revolução de Irã. 

Por meio de cenas tensas, acompanhamos o desenvolvimento desta personagem em especial, com referencia ao nascimento de sua filha, bem como as etapas do parto e os aspectos da dor e da perda. Tudo parecia ter perdido o sentido para Azari, a não ser a criança, que lhe tomava todo o pensamento. Esses aspectos emocionam o leitor de tal forma a fazer com que atinja o alvo mais sensível de cada um, porque realmente não tem como não se emocionar.


“Mas havia os gritos que sacudiam os muros da prisão, rasgavam os corredores, acordavam as prisioneiras à noite, interrompiam a conversa quando os prisioneiros compartilhavam o almoço, obrigando-os a um silêncio de dentes trincados e braços tensos que se estendia por toda a tarde. Ninguém perguntava de onde vinham os gritos. Ninguém ousava perguntar. Eram uivos de dor, disso sabiam.” Pg.06


O ano é 1987, e também em Teerã – na República Islâmica do Irã – conhecemos Leila Khanoom, que se mostrou batalhadora, apesar de ter abandonado alguns de seus sonhos para cuidar da família que ainda lhe restava. Na outra história, narrada de 1983 à 1988, Amir – na prisão – conhece sua filha Sheida, e nós, leitores, vivenciamos seus momentos de solidão, irritação e desespero. Em alguns momentos, pelo fato de ser uma leitura intensa, foi preciso fazer uma pausa para analisar cada fato e entender todas as ações e suas reações. Muitas cenas tinham seu desfecho triste e inexpressivo.


“Ninguém sabia se, ao voltar à cidade no dia seguinte, encontraria sua casa ainda em pé. Ou em ruínas, estilhaçada, arrasada,irreconhecível.” Pg. 82


Justamente por ser baseado em fatos reais, inspira um clima determinante e acusador, sem falar do ótimo desenvolvimento do trabalho da autora, que soube elaborar um projeto descritivo e nem um pouco cansativo. É preciso citar também o quanto a capa deste livro é linda com a árvore de Jacarandá estampada, alem de que revela pontos muito importantes na trama.


"- É um sentimento estranho, quando dizem que alguém é a sua mãe e tudo o que você sente é medo, porque vê uma mãe estranha. Só depois descobre que ela é tudo o que você tem". Pg. 129


A maneira como todos os casos se interligam de uma maneira única e especial, chama a atenção exatamente por cada emoção sentida pelas pessoas e de como cada um age em relação ao tema. O livro é sensível e ao mesmo tempo concreto e idealizado por lutas e exemplos de guerreiros.


Classificação SEL: 4/5

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