Título: Confinados
Memórias de um tempo sem saída
Ficção Brasileira
Autor: João Batista de Andrade
Editora: Prumo
Páginas: 192
Sinopse: Neste romance, a cidade é tomada pela violência, os personagens confinados em suas casas e perdem-se em seus labirintos de medo, dúvidas, solidão. Figuras carismáticas e estranhas agem nas penumbras para que não vejamos seus rostos e confinam a população à prisão em seu próprio medo e na falta de saídas para a vida. Um retrato bem atual, com tiros, ataques, ônibus queimados, arrastões, mortes, ameaças. Escritor e cineasta premiado (Doramundo, O homem que virou suco, Vlado, 30 anos depois, etc.), João Batista de Andrade foi o criador da Lei da Cultura (PROAC) quando era Secretário da Cultura do Estado de S. Paulo. Atualmente preside o Memorial da América Latina.
Resenha: “Confinados” de João Batista de Andrade,
revela um ambiente obscuro, tenebroso e repleto de dúvidas. Os personagens, bem
como a história em si, são muito bem elaborados e por meio de descrições
concretas, há ainda a analise sobre nossas escolhas, as oportunidades, os
sonhos, os medos, as angústias e as ferocidades que cercam a vida de todas as
pessoas.
Diante de muitos ataques, tiros, bombas e boatos, o
pânico das pessoas só tende a aumentar mesmo. Foi tudo muito inesperado e os
bandidos agiam por toda a parte. Todos estavam desesperados e assustados, e por
esse motivo os muito moradores, agora se recusavam a sair de casa, e se
encontravam confinados temerosos pelo caos que aumentava cada vez mais. A
cidade ficou paralizada.
“Gritos, gritos, gritos.
Sirenes, alarmes,
Freadas bruscas.
E bombas.
E tiros e mais tiros.” Pg.33
Não é difícil imaginar as cenas narradas, mesmo porque
a violência está em todo lugar, e é como se já fossemos acostumados com essa
terrível situação, estampada todos os dias em jornais e afins. Protestos,
ônibus queimados, rebeliões diversas, assaltos, assassinatos, ferimentos
graves, ameaças... A lista não para por ai e se for pararmos para pensar em
toda maldade existente nesse mundo apenas nos traria sensações tristes e
inconformadas. Infelizmente essa é a realidade atual.
Com capítulos curtos e uma escrita densa e peculiar, o
autor revela pontos críticos sobre os relacionamentos expostos pela sociedade e
a problemática cercada pelas decisões dos personagens. Dentre todos é possível
destacar Moreno, Olavo e Júlio, que se entrelaçam e apontam para aspectos
centrados e intensos.
Parece loucura, mas é possível. Mesmo que João Batista
de Andrade diga que este livro é ficção, não é aquele enredo onde o leitor
adentra numa atmosfera impossível de ser vivenciada. Os relatos são vividos,
mesmo porque esta é a crua e densa verdade. E por fim... É isso, todos estavam
sem saída.
“A cidade
esconde seus pecados, seus crimes, seus tiros. Até que os cidadãos se esqueçam
de tudo, do medo, do terror. Na verdade é nos silêncios que se preparam os
fogos...” Pg.34
Classificação
SEL: 4/5
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