Resenha: O túmulo sob as colinas - @BelindaBauer @editorarecord

Informações do livro:
Título: O túmulo sob as colinas
Título Original: Blacklands
Autor: Belinda Bauer
Editora: Record
Páginas: 320



Sinopse: Apesar de cavar buracos quase diariamente na charneca de Exmoor à procura de um cadáver, Steven Lamb sempre quis ser um garoto normal. Porém, decidido, ele deixa as brincadeiras de lado e segue com sua pá para tentar encontrar o corpo de seu tio Billy, assassinado há 19 anos. Embora nunca o tenha conhecido, Steven sabe que sua família só poderá ser feliz quando encontrar o corpo desaparecido. Para descobrir o paradeiro dele, Steven decide escrever ao prisioneiro Arnold Avery, principal suspeito do crime. É o ponto de partida de um arriscado jogo de gato e rato entre uma criança desesperada e um perigoso serial killer.




Resenha: O que pensar de um garoto, aos 12 anos de idade, andando por aí sozinho com uma pá na mão? Em “O túmulo sob as colinas” o leitor se vê frente a uma atmosfera sombria, conflituosa e exposta demais. Os sentimentos são atribulados em um misto de recordações com sofrimento, analises através da perda e da perseverança. Claro que o foco principal do enredo é o mistério nos acontecimentos e a procura pelo desfecho. E eu, particularmente, adoro este tipo de história.

Steven Lamb mantém uma expressão séria, introspectiva e obstinada. A avó dele se tornou uma pessoa triste, desolada e incompreendida após o desaparecimento de seu filho Willian Peters, mais conhecido como Billy, há exatos 19 anos, quando o menino ainda tinha 11 anos. Independente das circunstâncias, ela nunca perdeu a esperança de poder reencontrar seu filho e passa seus dias na janela de casa, esperando algum milagre. 

É impossível não se emocionar com o fato de que qualquer movimento na rua a faz pensar que seu menino está de volta. E talvez por isso seja mais conhecida como a Pobre Sra. Peters. O caso é que todos, incluindo a polícia, acham que o garoto fora assassinado. Ao mesmo tempo em que é desconfortável ler sobre a trajetória angustiante desta mãe, é interessante notar o quanto a autora conseguiu captar a essência dos momentos na família.

Diante desses fatos, Steven sente-se conturbado perante as ações da avó e com certa pontada de raiva do tio desaparecido. Ele pensa que algo poderia ter sido feito para isso ser evitado, bem como deseja ser mais próximo da avó e fazer com que ela preste atenção nele. Na verdade, ele só quer ajudá-la a seguir em frente, sem ser mais desprezível e rancorosa. As intenções são as melhores, justamente para que tudo possa ficar melhor, com mais amor e carisma.

Paralelo a isso, há a apresentação de outro personagem: Arnoldy Avery. Ele foi acusado de assassinatos em série e sequestros de várias crianças. Também é muito desconfortável e ainda mais impactante ler sobre seu jeito – manipulador – de portar diante das crianças, e mais uma vez a autora está de parabéns por escolher as palavras certas e expor tudo com muita clareza.

Steven quer dar um ponto final nesta história e por isso cava incessantemente pela charneca, no lugar onde havia possibilidades reais de encontrar corpos de crianças desaparecidas. Enfim, exausto e já sem saber o que fazer, ele resolve escrever uma carta para o próprio Arnoldy e ver se ele pode ajudá-lo a alcançar seu objetivo.

É uma obra que afeta o leitor e faz com que se coloque diante de uma situação parecida. Perder alguém não é fácil e muito menos retomar a viver como se não tivesse acontecido. Belinda Bauer transmitiu sensações imediatas e intensas, e leva a imaginar o que pode de fato acontecer. 

Um acontecimento isolado mudou o rumo de uma família e de seus relacionamentos, e o menos improvável seria um menino de 12 anos demonstrar tanta importância para isso – pelo menos não nessa fase. Isso mostra o amadurecimento do personagem e sua requerida percepção diante da vida e da renovação que tanto. Todos os pensamentos se mostram um tanto quanto tenebrosos, mas é uma leitura ágil e que vale muito a pena.




“Há 19 anos aquele garoto de 11, provavelmente muito parecido com o próprio Steven, se cansara de seu jogo de fantasia espacial e saíra para brincar em um anoitecer quente de verão, aparentemente – revoltante – sem saber que jamais voltaria para guardar seus brinquedos ou para agitar o lenço do Manchester Ciy diante da TV, numa tarde de sábado, ou até mesmo para fazer sua cama, a qual sua mãe, a avó de Steven, arrumara muito mais tarde.” Pg.14




Classificação SEL: 5/5 

Comentários

Aline Coelho disse…
Amiga que livro interessante, me pareceu um misto de suspense e terror. A capa é bem misteriosa e bonita. Adorei saber que vc leu e gostou. Valeu por mais essa dica!!! Quem sabe um dia eu o leia???!!!

Leitura, vida e paixões!!!