Título: As gêmeas
Título original: The Twins
Autor: Saskia Sarginson
Editora: Novo Conceito
Páginas: 320
Sinopse: As gêmeas Isolte e Viola eram inseparáveis na infância, mas se tornaram mulheres muito diferentes: Isolte tem um emprego glamouroso em uma revista de moda de Londres, namora um fotógrafo e vive em um bairro descolado. Viola, desesperadamente infeliz, luta contra um transtorno alimentar e não faz questão de se ajustar a nenhum grupo. O que pode ter acontecido para levar as gêmeas a seguirem trajetórias tão desencontradas? À medida que as duas jovens começam a reviver os eventos do último verão em família, terríveis segredos do passado vêm à tona – e ameaçam invadir suas vidas adultas.
Resenha: “As gêmeas” é um livro intrigante,
dramático e sutil, que estrutura capítulos repletos de informações definidas e
detalhes perspicazes e autênticos.
Um
dos principais pontos positivos na trama está nas descrições realistas de
personalidades, lugares, objetos e atitudes, fazendo com que haja maior fluência
e entendimento na leitura.
Isolte e Viola são gêmeas idênticas e sempre se mantiveram
muito ligadas, apesar de terem personalidades
completamente diferentes. No decorrer das cenas é possível conhecer mais
sobre a mãe delas, que apresenta um jeito livre de seguir a vida e nem um pouco
casual – mas muito irresponsável. Apesar de todos os problemas e a falta de
orientação, é perceptível o quanto eram felizes no meio da floresta – um
cenário por vezes benefício e instigante –, bem mais do que quando se tornam
enfim adultas. Durante um período, acabam nutrindo uma amizade inseparável com
dois meninos, John e Michael, também gêmeos.
Um trágico acidente muda a trajetória das garotas e
muitas coisas começam a dar errado. A pergunta que não quer calar durante todo
a trajetória: o que de fato aconteceu? O tempo passa e Isolte se tornou uma
pessoa bem sucedida e ainda mantém um relacionamento estável com um fotógrafo,
diferentemente da sua irmã Viola que possui transtornos alimentares e se
encontra no hospital num estado grave. Isolte sempre foi a mais forte, ousada e
destemida, enquanto Viola é tímida, sensível, ansiosa, introspectiva e consumida
por uma culpa estranha. Por isso a irmã resolve voltar para tentar ajudá-la a
enfrentar os problemas. Passado e
presente se entrelaçam de maneira intensa e reveladora.
Viola se vê constantemente assombrada pelas memórias
da infância e logo Isolte também começa a repensar sua vida e questionar
planejamentos, relações e a confiança depositada nas pessoas. As duas precisam
confrontar os problemas e danos do passado. Com o vinculo fraternal ameaçado, será que vale a pena desenterrar certos
assuntos?
A narrativa empolgante
e curiosa se divide entre os pontos de vista de Isolte e Viola, variando
entre primeira e terceira pessoa. Flashbacks se destacam (e as vezes também
podem confundir um pouco) no enredo, e acrescentam segredos, aproveitando
momentos de interação e ajustes necessários. Mas talvez essa parte de confusão
no texto possa ser explicada: como suas memórias se encontram interligadas, a
autora interferiu nos episódios e criou situações de união. Isso se faz justamente
para que o leitor especule ideias e demore a saber quem está narrando, ou se é
um sonho ou são pensamentos vagos.
“Assim, aqui estamos nós, um único bebezinho enso
construído. Daí vem a parte extraordinária, porque esse ovo único se parte,
dividindo-se no meio, e nós nos tornamos
dois bebês. Duas metades de um todo. É por isso que é estranho mas verdadeiro:
fomos uma só pessoa antes, mesmo que tenha sido só por um milissegundo.” Pg.05
Classificação SEL: 4/5
Comentários
com um tema bem real, e que não é difícil imaginar a possibilidade de realmente acontecer, imagino que irá me prender, e que será uma leitura muito agradável *-*