Título: Ghost Rider – A estrada da cura
Título
original: Ghost Rider: Travels on the Healing Road
Autor: Neil Peart
Editora: Belas Letras
Páginas: 520
Sinopse: Após a morte da única filha, Selena, e da esposa, Jackie, o músico Neil Peart se transformou em um fantasma – um homem sem motivação, esperança ou fé. Sozinho em casa, convivendo com as lembranças, ele decide pegar a estrada com sua moto, uma BMW R1100GS, para rodar por 90 mil quilômetros, sem destino, em busca de um motivo para preencher o vazio que sente. Esta é a história real de um homem que partiu carregando a morte e o luto, mas transformou sua jornada em uma poderosa narrativa sobre a solidão, o amor e, acima de tudo, a paixão pela vida, mesmo quando tudo ao nosso redor nos leva a desistir dela.
Resenha: “A estrada da cura” de Neil Peart
(compositor e baterista de Rush, grupo de Rock canadense) é uma obra real a
respeito de sentimentos conflituosos e cheios de reflexão. Neil é uma pessoa
corajosa e exibe seus pensamentos e opiniões sem medo da exposição demasiada.
Para quem já sabe como funciona o sentimento da perda,
vai se identificar com cada trecho. Viver num ambiente cercado por lembranças
de momentos com alguém especial que já partiu não é algo fácil. Na verdade, é
uma das piores sensações, por isso surge
a necessidade de manter distância, de fugir da realidade e das dores.
Sua filha Selena, com apenas 19 anos, sofrera um
acidente de carro e essa foi a primeira tragédia ocorrida. Após a morte da
filha, a esposa dele ficou num estado deplorável. E a segunda tragédia
aconteceu justamente com Jackie, onde foi diagnosticada com câncer em fase
terminal. Ações foram tomadas para que se sentisse melhor, porém ela aceitou
seu destino com certa gratidão, já que não encontrava motivos para viver mais.
Neil se sentia pressionado e não tinha um plano específico. Só sabia que precisava partir,
independente dos problemas e perigos que, ocasionalmente, pudessem surgir pelo
caminho tumultuado. Ao mesmo tempo em que é triste e perigoso, parece tão
emocionante sair por ai sem rumo, apenas para se distrair da vida. Sei que não
há explicações para os momentos de luto e por isso que este livro se torna tão
especial: por sua sutileza, conexão e poder.
Sua moto, de modelo BMW R1100GS, estava preparada para
uma viagem duradora. Ele levava uma bolsa esportiva, uma barraca, um saco de
dormir, kit de ferramentas, entre outros itens básicos caso surgisse algum
imprevisto. E desde o começo manteve consigo um diário de suas viagens,
retratando os diferentes estágios da jornada.
Inteligente e ousado, Neil percebia os acontecimentos
como se fossem uma pista para o que devesse fazer. Visualizou cenas
emocionantes, conheceu lugares e pessoas distintas, assim como aprendeu muito
com os detalhes absorvidos.
Me perdi em pensamentos nos momentos deprimidas da
narrativa, como se já imaginasse como as coisas iriam acabar. Parece algo
previsível, só que não é nem um pouco, e Neil demonstra isso com clareza.
Apesar de se sentir arrasado, viu uma oportunidade para não desistir. Chorei
bastante, ansiei por suas passagens de conhecimento e me diverti com sua recém
ajuda adquirida – ajuda esta, que ele mesmo proporcionou a si mesmo. Essa é a
maior concretização da obra: entender os motivos, a complexidade das escolhas e
a conclusão da realidade inovadora.
“Para essa despedida importante, esperava um
prognóstico melhor do que uma manhã fria, escura e chuvosa, mas com certa
empatia, pois apresentava uma sincronia com meu clima interior. Mas pouco
importava o tempo lá fora: de qualquer maneira, eu estava de partida. Ainda não
sabia para onde (Alasca? México? Patagônia?) nem por quanto tempo (dois meses?
quatro meses? um ano?), mas eu sabia que tinha de partir. Minha vida dependia
disso.” Pg.12
Classificação SEL: 4/5
Comentários
fiquei curiosa, quero ler! *-*
Francisco Prado