Título: Morada das lembranças
Autor: Daniella Bauer
Editora: Biruta
Páginas: 200
Sinopse: Através dos olhos de uma menina, o leitor acompanha a trajetória de sua família que, em meio à Revolução Russa de 1917, viu-se obrigada a deixar para trás tudo o que conhecia e a empreender uma audaciosa e perigosa fuga rumo a um destino totalmente desconhecido. Com novas vidas e identidades, vê-se despertada pelas inúmeras perguntas que permanecem sem resposta. Mas, essa é a chave da morada. Não ter as respostas lhe permite seguir em frente e abrir todas as portas.
Resenha: “Morada
das lembranças” é um livro incrível, principalmente por retratar tantos
dilemas, momentos importantes e sensíveis acerca de aprendizagens. Ainda sobrepõe
essas situações com ilustrações admiráveis e traços relacionados (o projeto gráfico está maravilhoso).
Esse é apenas
um dos tantos pontos positivos da trama, que a torna ainda mais envolvente e
carismática para com o leitor. Assim, não canso de afirmar que sou uma grande
fã do trabalho da Editora Biruta e sempre me surpreendo com suas histórias
empolgantes e inspiradoras.
A história apresenta várias
considerações de memórias e de ocasiões tristes, receosas e um tanto
assustadoras. Mas quando começamos a ler é mais fácil perceber o que realmente
importa nas lembranças narradas. Não há um nome, apenas uma personagem e é por meio
dela que desvendamos ocasiões importantes e mensagens reflexivas em relação a
escolhas e lembranças.
O leitor conhece pessoas especiais e
que se dispõem a narrar suas trajetórias de vida. É muito interessante
acompanhar alguns devaneios, percepções do ambiente caracterizado, experiências
suportadas e conhecimentos adquiridos ao longo do tempo. E esse é um detalhe
extremamente importante, já que faz com que a leitura se torna mais realista e
compreensível.
As citações com referencia a guerra, violências,
necessidades, imigrantes e revoluções também são muito expressivas e essas
passagens acentuam ainda mais as problemáticas e questionamentos em questão. São casos complicados, que fazem com que o leitor pense bastante em todas as consequências dos atos e na dor e sofrimento de tantas pessoas.
Dessa
maneira, as cenas expressam bem as mudanças na vida dessa menina, que logo se
torna uma mulher forte, audaciosa e sofrida. Ela amadure bastante e deixa claro
que sempre procura aprender diante das dificuldades – pelo menos essa foi a sensação
mais marcante que tive sobre a personagem.
É uma trama cativante, motivadora, bem
ágil e voltada ao público infantojuvenil. Mas é, acima de tudo, extremamente emocional
e ao mesmo tempo conflituosa demais. Impossível não se comover com a história tão
pessoal e profunda diante de perdas, superações, sentimentos turbulentos,
recomeços, batalhas, medos e conquistas.
“Aquela
seria minha última morada. Eu que tive tantas! Seria realmente um descanso. Meu
alívio. A morte demorou a chegar para mim, até isso tive de esperar. Muitas
vezes ansiei por ela, chamei-a. Ela só escuta quem não a deseja. Piada sem
graça da vida, ou melhor, da morte.” Pg.
17
Classificação SEL: 4/5
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