Resenha: O fio da vida - Kate Atkinson @GloboLivros

Informações do livro:
Título: O fio da vida
Título original: Life After Life
Autor: Kate Atkinson  
Editora: Globo Livros
Páginas: 536




Sinopse: E se você pudesse mudar as escolhas da sua vida? E se ao nascer de novo, refazendo sua trajetória, pudesse mudar o destino de outras pessoas e até o curso da história? É esse fascinante jogo com o tempo que permeia a narrativa de Ursula, a personagem principal de O fio da vida, livro da escritora britânica Kate Atkinson. Na trama, Ursula, que nasce em 1910, parece viver em um eterno déjà-vu. Às vezes, sabe o que alguém vai dizer antecipadamente. Ou prevê um incidente banal que vai acontecer. Fica confusa entre o que é real ou não. Sua família vive no interior da Inglaterra. Uma das criadas acha que Ursula tem um sexto sentido. A tia a considera uma pequena vidente. A mãe chega a dizer que Ursula é uma estranha no ninho. E o psiquiatra, dr.Kellet, comenta sobre reencarnação quando ela tem dez anos. Ele explica que seu cérebro pode ter uma pequena imperfeição, que a leva a pensar que esteja repetindo experiências, morrendo e renascendo, apesar de isso não ser verdade. A autora Kate Atkinson narra os destinos de Ursula – todo o contexto se passa entre 1910 e 1945, abarcando os dramas das duas guerras mundiais – e desenha novas perspectivas a partir de um mesmo fato. E se ele tivesse acontecido de outra maneira, qual seria o seu fim? O relacionamento, nem sempre muito cristalino, entre os integrantes da família Todd, as criadas e os jardineiros, é muitas vezes pontuado por mortes, que nem sempre são esclarecidas. E é assim, com uma morte, a do futuro líder nazista, que Kate Atkinson nos apresenta Ursula e começa a jornada de sua personagem: ela saca da bolsa o velho revólver de seu pai, um movimento ensaiado uma centena de vezes, e dá um tiro, bem na altura do coração de Hitler. Cai a escuridão. Tudo recomeça?



Resenha: O fio da vida” é uma leitura densa e ágil, e explora bastante sobre conceitos de experiências e da vida num todo. A premissa já se mostra muito interessante, mesmo porque é algo que parece ser totalmente imprevisível e ao mesmo tempo bem centrado. A princípio me interessei pelo livro porque a trama se parece um pouco com uma série – Forever – que comecei a acompanhar recentemente, mas ao longo dos acontecimentos percebi que há muito mais complexidade, entre tantos outros aspectos.

A protagonista Ursula Todd tem muitas peculiaridades, mas o que a define mesmo é o fato de sempre morrer e acordar em um período de tempo diferente. São várias oportunidades para revirar momentos variados, mas é claro que surgem inúmeros questionamentos ao longo da narrativa. Depende das circunstancias, porém é visível o quanto há mudanças por causa de certos costumes, escolhas e emoções.

Sabe-se também que as decisões interferem muito nas atitudes do dia-a-dia. Já ouviram falar do filme “Efeito borboleta”? É possível fazer essas pequenas comparações já que as ações giram em torno de consequências e decisões afins. Nesse caminho, posso até afirmar que existem passagens um tanto clichês, sendo que o esperado seria encontrar cenas diferentes e não algo do tipo “voltar no tempo para fazer com que algo não venha a acontecer no futuro”. De qualquer forma, não é aspecto que interferiu na minha avaliação de leitura, é apenas um aspecto citado.

É um romance rico em detalhes sobre a natureza humana e a realidade, além do próprio tempo em si. Talvez o que mais se evidencia no enredo é a capacidade de alguém interferir em ocasiões tão impactantes. Ursula morre muitas vezes e não há uma única passagem que a narrativa não deixe de parecer persuasiva e extremamente autêntica. A gente entende os dilemas em cada intervenção, e é exatamente por isso que tudo se torna tão emocionante e revolucionário.

É notável o quanto esses pequenos realces incentivam outros tipos de desenvolvimentos na trama, visto guerras e pessoas são empreendidas da mesma forma.  Há várias menções históricas e culturas, e o leitor consegue captar muito bem essas conexões, diante de tanta atenção e envolvimento. As experiências criam um laço sutil na personagem, mas é impossível não se questionar qual será o próximo passo, quais são os verdadeiros aprendizados e/ou quais serão as novas alterações.

Já era de se esperar perceber algumas ou várias mensagens nas entrelinhas deste texto fantástico e denso. Os significados das reconstruções e de segundas chances são tantos fortes que não tem como deixar passar um sentimento de comoção ou de que algo está faltando. A autora, intencionalmente, provoca o leitor a refletir mesmo sobre suas vivencias. É aquele tipo de livro que, mesmo depois de muito tempo, ainda não sai da nossa cabeça.  




“Nenhuma respiração. O mundo inteiro se resume a isto. Uma respiração. Pequenos pulmões, como asas de libélula sem conseguir inflar na atmosfera desconhecida. Nenhum ar no tubo estrangulado. O zumbido de mil abelhas na minúscula pérola enrodilhada de um ouvido.” Pg.17
                                                                                                                         


Classificação SEL: 4/5

Comentários

Rayme disse…
não conhecia este livro nem esta autora, mas a capa não me é estranha...
parece ser um livro bom, apesar de ter ficado com medo de a trama não me prender muito. esse negócio de "efeito borboleta" acho que não é para mim não hehe
Tatiana Saito disse…
Ganhei o livro de aniversário e achei a sinopse bem decepcionante. Comecei a ler o livro bem cética, mas de repente o livro me prendeu de um jeito que não consigo mais largá-lo!!! Leio em casa, no metrô, no carro... Só no trabalho que não dá! Ahahahahahah!!