Título: Memória da água
Título original: Memory of Water
Autor: Emmi Itäranta
Editora: Galera Record
Páginas: 288
Sinopse: Num futuro distante, depois de muitas guerras, a Europa foi dominada pela China, e o bem mais precioso dos tempos antigos se tornou tão escasso quanto a liberdade. A água passou a ser controlada e distribuída em cotas pelos militares. Noria é filha de um mestre do chá, uma profissão muito antiga que tem conhecimento sobre a localização das nascentes de água. Ela está sendo treinada para substituir o pai, e dentre todos os ensinamentos, ele revela à filha seu maior segredo: uma fonte natural escondida que fornece água para a família. Desamparada em um mundo destruído, ela começa a questionar o significado de tamanho privilégio. Guardar esse segredo é negar ajuda ao restante de população, e ajudá-los é colocar em risco a própria vida: os militares punem severamente quem for descoberto desfrutando de alguma fonte ilegal de água. Como o pai a ensinou, é preciso ter sabedoria para compreender o verdadeiro poder da água. Mas Noria também aprendeu que a sabedoria representa, acima de tudo, o poder de decidir seu próprio destino, a escolha entre lutar e se entregar.
Resenha:
É interessante o modo
como há a introdução de elementos tão importantes em “Memória da água”, de Emmi
Itäranta. E é uma leitura surpreendente porque consegue fazer ligações
ainda mais críveis e sinceras. Como o próprio título sugere, há uma enorme
relevância sobre a água, seus fundamentos, segredos e demais
representatividades.
As passagens explicativas sobre a Casa
de chá, bem como a preparação do próprio chá e outros rituais filosóficos são
bem intrigantes, levando em consideração todas as suas funcionalidades. Assim,
a ambientação futurista é fantástica e explora bem todos os lados, inclusive as
belezas demonstradas e tudo que se torna mais sombrio e de certa forma
assustador.
Noria
Kaitio é a
protagonista do enredo, tem 17 anos, e de acordo com seu pai – que é um mestre
do chá –, consegue distinguir bem os perigos que a cercam, pelo menos esse é o
esperado. Logo no começo, é perceptível o quanto a água se faz necessária nos
dias representados e é por isso mesmo que ela fica surpresa ao descobrir pontos
de uma nascente.
Um dos principais destaques segue por
conta das verdades que são reveladas aos poucos para a personagem e são essas
partes que fazem toda a diferença. E é no meio dessa trama devastadora que o
leitor pode entender a mensagem central do livro. Questões sobre meio ambiente
e sua valorização são extremamente importantes e são capazes de nos fazer
pensar sobre nossas próprias atitudes.
Há muitas responsabilidades em seu
caminho e é claro que tudo parece ser ainda mais perigoso. Alguns assuntos são
tão decisivos que realmente não podem cair nas mãos erradas, mas a gente sabe
que as coisas nem sempre acontecem como gostaríamos... Noria precisa ficar no
lugar de seu pai e muitas ameaças começam a surgir nessa caminhada.
Não há muitas cenas de ação neste enredo,
mesmo porque a gente nem sabe o que esperar em cada diálogo, encontro e
conflito. Porém o texto não se torna cansativo, já que há muito mais suspense
nas ocorrências, e a autora cria elementos únicos para envolver o leitor. Como
o fato de a personagem central precisar fazer escolhas que podem salvar uma
população inteira ou pelo menos a si mesma. Enfim, a leitura não foi realizada
com grandes expectativas e acredito que foi por isso que consegui captar bem todo
o conhecimento abrangido.
“Sanja me disse certa vez que não é
preciso agradar os mortos. Talvez não. Talvez sim. Às vezes não vejo diferença
entre uma coisa e outra. Afinal, como poderia se eles estão no meu sangue e nos
meus ossos, se tudo que resta deles sou eu?” Pg.05
Classificação SEL: 3/5
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