Resenha: Os homens que não amavam as mulheres - Stieg Larsson @cialetras

Informações do livro:
Título: Os homens que não amavam as mulheres
Millennium #1
Título original: Män Som Hatar Kvinnor 
(Millennium #1)
Autor: Stieg Larsson
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 528




Sinopse: Vem da Suécia um dos maiores êxitos no gênero de mistério dos últimos anos: a trilogia Millennium - da qual este romance, Os homens que não amavam as mulheres, é o primeiro volume. Seu autor, Stieg Larsson, jornalista e ativista político muito respeitado na Suécia, morreu subitamente em 2004, aos cinqüenta anos, vítima de enfarte, e não pôde desfrutar do sucesso estrondoso de sua obra. Seus livros não só alcançaram o topo das vendas nos países em que foram lançados (além da própria Suécia, onde uma em cada quatro pessoas leu pelo menos um exemplar da série, a Alemanha, a Noruega, a Itália, a Dinamarca, a França, a Espanha, a Itália, a Espanha e a Inglaterra), como receberam críticas entusiasmadas. O motivo do sucesso reside em vários fronts. Um deles é a forma original com que Larsson engendra a trama, fazendo-a percorrer variados aspectos da vida contemporânea, da ciranda financeira feita de corrupção à invasão de privacidade, da violência sexual contra as mulheres aos movimentos neofascistas e ao abuso de poder de uma maneira geral. Outro é a criação de personagens extremamente bem construídos e originais, como a jovem e genial hacker Lisbeth Salander, magérrima, com o corpo repleto de piercings e tatuagens e comportamento que beira a delinqüência. O terceiro é a maestria em conduzir a narrativa, repleta de suspense da primeira à última página. Os homens que não amavam as mulheres é um enigma a portas fechadas - passa-se na circunvizinhança de uma ilha. Em 1966, Harriet Vanger, jovem herdeira de um império industrial, some sem deixar vestígios. No dia de seu desaparecimento, fechara-se o acesso à ilha onde ela e diversos membros de sua extensa família se encontravam. Desde então, a cada ano, Henrik Vanger, o velho patriarca do clã, recebe uma flor emoldurada - o mesmo presente que Harriet lhe dava, até desaparecer. Ou ser morta. Pois Henrik está convencido de que ela foi assassinada. E que um Vanger a matou. Quase quarenta anos depois, o industrial contrata o jornalista Mikael Blomkvist para conduzir uma investigação particular. Mikael, que acabara de ser condenado por difamação contra o financista Wennerström, preocupa-se com a crise de credibilidade que atinge sua revista, a Millennium. Henrik lhe oferece proteção para a Millennium e provas contra Wennerström, se o jornalista consentir em investigar o assassinato de Harriet. Mikael descobre que suas inquirições não são bem-vindas pela família Vanger, e que muitos querem vê-lo pelas costas. De preferência, morto. Com o auxílio de Lisbeth Salander, que conta com uma mente infatigável para a busca de dados - de preferência, os mais sórdidos -, ele logo percebe que a trilha de segredos e perversidades do clã industrial recua até muito antes do desaparecimento ou morte de Harriet. E segue até muito depois.... até um momento presente, desconfortavelmente presente.




Resenha: Os homens que não amavam as mulheres”, de Stieg Larsson, é o primeiro volume da série Millennium. Antes era uma trilogia, porém após a morte do autor, agora é David Lagercrantz que escreveu o quarto livro. Diante disso, percebe-se que a história pode ter uma exploração bem maior, seja por conta de novas problemáticas e personagens.


Sempre tive curiosidade nesta leitura, porém só agora, com as novas edições lançadas pela Companhia das letras, resolvi investir na história. Confesso também que tive receios sobre o desenvolvimento, entretanto logo nas primeiras páginas nota-se o quanto o enredo é intricado e merece ser analisado com mais calma. Não há muitas pistas, então só resta ao leitor tentar se envolver nas cenas e descobrir paradeiros, assim como entender diálogos difíceis e encontros misteriosos.



De longe, o que mais chama a atenção são os detalhes e os reconhecimentos ao longo dos acontecimentos, já que estes são essenciais para a grande compreensão do mistério central. E é por isso mesmo que a ambientação na Suécia é tão forte e os personagens tão bem trabalhados em questões sérias e envolvendo averiguações ainda mais arriscadas.


Os personagens são ousados e se entrelaçam diante de uma caminhada extensiva. Impossível não comentar sobre Lisbeth Salander e deixar de falar sobre suas peculiaridades. Não importa se ela não é o esperado pela maioria das pessoas, e ela deixa isso bem claro, principalmente por conta de suas atitudes objetivas.

É muito inteligente – muito mesmo – e se torna extremamente complicado conseguir acompanhar seus raciocínios. Na verdade, o que menos importa é a sua aparência diante de uma estrutura tão marcante, perspicaz e livre. É completa, com todas as suas distorções e atributos, é uma verdadeira heroína. O fato de a narração retratar tantos casos sobre mulheres em situações cheias de opressão também comprova o quanto Lisbeth representa novos sentidos de expressão.


O jornalista Mikael Blomkvist, da revista Millennium, acaba vivenciando uma enorme crise em sua carreira por causa de um processo de difamação, e tudo isso se dá por falta de averiguações certas. Claro que ele tenta se reerguer e é diante disso que se depara com o caso de Harriet Vanger. Só que há muitos outros dilemas que requerem ainda mais atenção sobre o que é certo e o que é errado. As pesquisas se tornam ainda mais intensas quando Mikael se junta a Lisbeth, e a narra também começa a ficar ainda mais instigante e repleta de emoções.

Eu já tinha ouvido falar muito bem sobre a trama e todo o suspense, realismo e ferocidade que ela carrega, mas agora após a finalização deste primeiro título, percebo que há muitas expectativas envolvidas. As diferenças de personalidades chamam muito a atenção e nos faz refletir se, de fato, esses tais envolvimentos valem a pena diante da pressão ao redor.



“O tribunal acabara de concluir que Mikael Blomkvist caluniara o financista Hans-Erik Wennerström. Ele fora condenado por difamação. O processo terminara e Mikael não pretendia recorrer. Mas o que aconteceria se, por imprudência, reiterasse suas acusações ao sair da sala do tribunal? Decidiu que não tinha vontade de saber.” Pg.20


Classificação SEL: 4/5

Comentários