Título: Mundo cão
Autor: Matheus Peleteiro
Editora: Novo Século
Selo: Talentos da literatura brasileira
Selo: Talentos da literatura brasileira
Páginas: 168
Sinopse: Unindo elementos de literatura marginal com sentimentos altruístas, surge Mundo Cão, que narra, em primeira pessoa, a história de Pedro Contino, um jovem que sofre desde cedo por conta das peripécias da vida, e, por mais que busque o melhor, vê, em sua sombra, o caos. Morador da favela Roda Vida, Pedro poderia ter traçado qualquer caminho, mas a vida escolheu um em especial. Mesmo em meio à ausência de recursos, é apresentado à literatura por um vizinho mais velho, e, por conta dela, cria uma importante consciência social. Guiado por músicas e livros, ele logo percebe como tudo funciona. Indigna-se e, amargamente, percebe que não tem poder para realizar uma mudança no mundo… O caos já faz parte dele, envolvendo-se com drogas, álcool, e, para completar, com as mais belas e loucas mulheres.
Resenha: “Mundo
cão”, de Matheus Peleteiro, é um livro sem poucos rodeios e cheio de
referências musicais, pensamentos inteligentes e de certa forma bem complicados
e tristes. O texto é bem ágil e retrata a realidade de forma objetiva e
sincera, afinal de contas, não é nem um pouco difícil imaginar algumas cenas
aos quais a narrativa questiona.
O protagonista, Pedro Contino, se mostra desacreditado com tudo que acontece ao seu
redor. A vida não é fácil e não surgem muitas oportunidades na situação. Ele
vive em uma favela e está acostumado a conviver com brigas, provocações,
julgamentos, condenações, assassinatos, crimes e muita angústia. Assim, nessa
ambientação, o leitor também consegue perceber vários elementos arriscados que
se misturam a ele.
Pedro entende as problemáticas que o
cercam, mas não se conforma com tanta injustiça, decepções e falta de chances
admissíveis. E ele se define com uma clareza fria, mas isso também não quer
dizer que não seja emocionante. Tem muita emoção porque sabemos que existe
muita gente na mesma situação, mas é mais ainda porque este em especial tem
consciência que pode mudar seu destino. E é isso que faz mesmo toda a
diferença.
Ele não é acomodado e nem preguiçoso,
mas bem que poderia ser, já que há tantas dificuldades e claro que faz com que
tudo seja mais cansativo, difícil e sem entusiasmo. Ainda bem que Pedro teve a
oportunidade de ter um vizinho que era professor. Este se tornou responsável
por lhe apresentar a literatura e todos os seus benefícios, incluindo a força
de vontade para se dedicar no que realmente quer.
Esse detalhe começa a se tornar mais
envolvente e decisivo, na medida em que percebemos o quanto esse interesse
alterou um pouco o caminho e as escolhas do personagem. De fato, o que não
falta nesse livro são questionamentos, constatações e receios, e esse é o
principal destaque a ser evidenciado.
A gente fica refletindo sobre as
mensagens expostas no texto e deixadas nas entrelinhas, e a conclusão que se
chega é que há muito mais a discutir para tentar encontrar alguma mudança
positiva. Mas também tem muitas reviravoltas e surpresas, por mais que o livro
seja curto. A consciência do personagem é ainda mais marcante, já que revela
muitas verdades e aflições.
“Que seja, não quero essa vida para
mim, nunca quis. Sempre me senti o ignorante contra a maré. O que não quer
dizer que nunca tenha cogitado entrar para essa vida. Até pensei. Mas os pontos
negativos me pareceram mais fortes. Afinal, comumente, quando segue-se esse
caminho, não se passa dos vinte e cinco.” Pg.19
Classificação SEL: 3/5
Comentários