Resenha: Canções de Bruxas e Rapsódias de Fadas Negras, Matheus Pontes - Grupo Editorial Coerência

 Sobre o livro:




Sinopse: Em épocas e lugares distintos, pessoas mundanas lidam com seres aquém da compreensão humana. Inspirando mitos, contos, lendas e folclores de caráter nefasto, esses seres, embora por vezes hajam de forma meramente instintiva, como animais famintos, em maioria assumem uma natureza malévola e implacável, vendo o homem como nada além de um alvo para descarregar sua fúria. Prepare-se para se surpreender com relatos de diferentes perspectivas, nos quais humano e criatura, ser vivo e o sobrenatural colidem. Entre canções e poemas declamados por bruxas e servas da noite, conhecimentos do oculto serão perpetuados.


Resenha: "Canções de Bruxas e Rapsódias de Fadas Negras" - Cantigas da Escuridão, Livro Um, de Matheus Pontes, apresenta uma leitura rápida, expressiva e ao mesmo tempo instigante demais diante de contos sombrios e repletos de detalhes marcantes.

Confesso que o que mais chamou a minha atenção na narrativa foi mesmo a intensidade diante de todas as características expostas. Há muito o que ser compreendido, e só lendo mesmo para compreender a fundo nesse desenvolvimento obscuro.

Como o autor mesmo diz em nota, nessa obra, temos a oportunidade de conhecer e nos aprofundar mais sobre seres fantásticos - incríveis e estranhos - diante de várias culturas e mitologias de países diferentes, reinos e povos no continente europeu. 

São inspirações em contos folclóricos típicos, bem como os contos de fada clássicos. Alguns podem ser mais conhecidos, e outros nem tanto. Esse aspecto, é de fato, o que mais me chamou a atenção, desde o começo. Ainda mais porque tal compreensão é mesmo muito bem explorada diante de suas palavras, o que torna a leitura muito mais envolvente.

Acho ótimo o fato de falar a respeito de dullahan, o cavaleiro sem cabeça - original da Irlanda. Ele é uma fada negra, uma criatura inumana. Diferentemente do que muita gente imagina e conhece.. tipo" ah, é um homem que perdeu a cabeça.."

Acho que também me assustei bastante no conto "Trocriança", diante de uma criaturinha insana. É uma loucura pensar numa criança sendo trocada, e os responsáveis sendo as fadas da corte de Unseelie. Foi um dos que eu mais gostei, mas há muitos outros que também gostaria de comentar., como "Assobios para a escuridão" e "Zirghorod". Nas últimas páginas, é ainda melhor pelo leitor ter a oportunidade de conferir um glossário diante de todos os seres.

Os contos possuem elementos instigantes e provocativos, e é fácil perceber que o autor quis abranger e explorar, não somente o terror e o medo em si, mas também pela aventura, ao suspense e pelas emoções destacadas em cada fábula. Nas aberturas, há também uma ilustração igualmente tensa (e quase desconfortável), para iniciar a nova contextualização dos cenários.

Acredito que a narrativa acaba se transformando num universo de probabilidades desconhecidas, deixando tudo mais perturbador. Matheus Pontes trabalhou com muitas sensações, então cada conto se torna extremamente relevante (e macabro), desde os mais curtos até os mais explorados. Se eu cheguei a esta conclusão, devo dizer então que a escrita do autor é mesmo bem coerente em suas mensagens.

Classificação: 4/5

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