Resenha: Blue Cup Cafe - Shantal Freitas, Chiado Books

 Sobre o livro:




Sinopse: O Blue Cup Cafe conta estórias doces que, mesmo com seus finais não felizes, terminam em felicidade. Todas as pessoas que um dia passaram pelo Blue Cup e encucaram a mente da criativa garçonete Aurora para criar um mundo inteiro sem cruzar a porta de saída (afinal, se saísse, não seria mais um conto do Blue Cup). Capítulos independentes. Sinta-se a vontade para pular, ler em ordem aleatória, ou como achar melhor.


Resenha: "Blue Cup Cafe", da autora nacional Shantal Freitas, se tornou uma bela surpresa, diante de crônicas leves e ao mesmo tempo, repletas de sentimentos marcantes. O tipo de leitura rápida, mas capaz de te deixar absorto em pensamentos diante das exposições.

Nessa pequena obra, que tem em torno de cento e vinte e quatro páginas, o leitor é apresentado a vinte e cinco estórias. Nas narrativas, somos apresentados a descrições de clientes que passam pelo Blue Cup. E assim, conhecemos seus pedidos frequentes e demais costumes  e manias compreendidos pela atendente, Aurora.


Ela acaba nomeando os clientes, alguns porque não sabe o nome mesmo, outros para proteger a identidade, e outros porque acha que seus nomes não combinam com seus rostos e personalidades. Suas observações acabam sendo o ponto alto dos textos, deixando a narração ainda mais dinâmica e especial.

Todos os personagens são relevantes, isso não há como negar. Nos deixa com uma sensação de não saber ao certo o desfecho de cada um, sendo que alguns são carregados de possibilidades, outros nem tanto. Alguns carregam medos, inseguranças e cenas incompletas, enquanto outros buscam a felicidade em simples momentos.


As associações fazem toda a diferença, e pode não parecer, mas a gente acaba se afeiçoando aos personagens destacados, mesmo nas poucas páginas apresentadas. Um dos meus textos preferidos é sobre Maya, de como ela era - fotógrafa - e do que se transformou - em mãe.

"Era uma vida normal como qualquer outra, onde, nem sempre, as melhores decisões são tomadas, e é preciso lidar com isso. Ela havia mudado como qualquer outra pessoa. Talvez, se a tivesse conhecido primeiro dessa forma, não teria visto nenhum problema." Pg.20


Será que Sahra e Norma irão manter seu ritual até o fim de suas vidas? Devon fez um ótimo acordo, afinal de contas. O pequeno Jai conseguiu o que queria, e Aurora aprendeu o óbvio: não subestimar uma criança. A senhora Matilda expôs um amor único, por mais que ela não tenha conseguido salvar Alex. Ah, empolgação define quando temos a visão de Rob (o garçom/barista/gerente) sobre Aurora.


Uma mensagem sobre amizade nos deixa reflexivos demais, se bem que tudo pode virar motivo para absorver alguns pensamentos. Relacionamentos acabam sendo questionados, coisas que realmente importam e muitas emoções compartilhadas. Vale dizer que é possível ter muitos questionamentos ao reparar na vida alheia.


Uma coisa é certa: Aurora acaba sendo uma personagem brilhante em vários aspectos. Pode ser intencional - ou não, mas ficamos com a impressão de que a garota tem uma imaginação muito criativa, além de ser extremamente curiosa. De certa forma, acredito que a forma como presta atenção nas pessoas e situações ao seu redor, é o que a faz ser tão interessante. Queria saber bem mais sobre essa personagem tão perspicaz..

"As pessoas não querem estranhos dando opiniões em suas vidas, mas escrever é a arte de escolher o que se quer contar." Pg.108


A escrita da autora é sutil e delicada, capaz de nos envolver muito rápido diante de tantas expressões ao longo das páginas. E sem ao menos nos dar conta, já chegamos ao fim desse livro com vontade de mais explorações de personagens. Gostaria de comentar a respeito de todos, porém o bom é que cada um seja situado da maneira como o leitor deseja, e de como consegue absorvê-los da melhor forma possível.

Caso você. leitor, tenha interesse, lá no wattpad tem a continuação, de quando Aurora sai do Blue Cup: LINK

Classificação: 4/5

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