Resenha: O clube da morte - Adriano Zerbielli, Editora Polifonia/ Editora Metamorfose

 Sobre o livro:




Sinopse: Será que temos o direito de decidir quando vamos morrer? Existe alguma justificativa para que alguém defina quando isso deva acontecer? Uns, sob certas circunstâncias, dirão que sim. Já outros defenderão a vida humana, mesmo que muito fragilizada, a qualquer preço. Em uma noite de inverno, Fernando conta a seus amigos que um senhor que conheciam havia falecido, sozinho e debilitado, em um leito de hospital. Tomado pela emoção, Augusto pede aos demais que interrompam o seu sofrimento, lhe tirando a vida, caso um dia seja necessário. Tal ideia, na ocasião, não foi levada a sério. No entanto, sem terem percebido, criaram o Clube da Morte. Então, alguns anos depois, um novo encontro é marcado para ser pedido que a principal norma daquela organização fosse colocada em prática: proporcionar um final de vida digno a cada um de seus membros.

Resenha: "O clube da morte", do autor nacional Adriano Zerbielli, apresenta uma obra intensa, curiosa e igualmente desconcertante - nem sei se essas seriam as palavras certas, porém foram as primeiras que me veio a cabeça ao lembrar da história. O fato é que um enredo repleto de questionamentos, por isso é capaz de deixar o leitor intrigado demais diante de todas as cenas desenvolvidas nesse cenário complexo.

E é assim, que somos apresentados aos amigos Fernando, Augusto, Pedro e Eliza. Eles tinham uma amizade há um bom tempo e se encontravam esporadicamente para conversar. Num desses dias, Augusto propôs a ideia - enquanto se via meio alto da bebida - de criar o clube da morte.


Acontece que ele não queria morrer de forma solitária ou deprimente. Caso necessário, que os amigos interfiram para que ele não sofra ou que aconteça coisa pior nesse meio tempo. Definitivamente, permanecer sozinho num leito de hospital nos últimos dias de sua vida, é algo bem triste mesmo. 

A gente sabe que as pessoas não merecem passar por tal situação. Augusto pediu que os amigos acabassem com a agonia dele, caso fosse necessário em determinado momento de sua vida. Logo temos a narração do próprio Augusto, onde o mesmo narra a trajetória de todos os seus amigos.


"- Por favor, me escutem um instante, pois eu preciso dizer algo muito importante: se algum dia eu estiver passando por uma situação parecida com aquela que passou esse senhor, caso eu não seja abençoado com uma morte rápida e repentina, sendo forçado a passar os meus últimos dias sobre uma cama de hospital, internado em alguma clínica, ou algo parecido, sem chances de me recuperar de algum grave problema de saúde, eu imploro que não me deixem passar por isso, e acabem logo com meu sofrimento. Algum de vocês faça, por favor, alguma coisa pra não me deixar passar por esse castigo." Pg.14

Então, é por meio dessa premissa que as mensagens a respeito da morte são inseridas. Tais reflexões são compreendidas com certo fascínio e ao mesmo tempo muito medo também. nA verdade, é um assunto bem complicado de se comentar. O tipo de livro que as pessoas podem ter opiniões bem divergentes sobre tais explorações nessa temática tão profunda. E isso torna tudo mais peculiar e interessante.


Me surpreendi demais ao longo dessa leitura e ainda mais pela escrita habilidosa do autor, mesmo porque não esperava por nada do que acabei conferindo. Fiz essa leitura em poucas horas, pois em torno de 160 páginas o leitor se vê extremamente envolvido neste contexto diferenciado e cheio de impressões. Não posso comentar muito por ser uma trama pequena, então vale a pena conferir por conta própria tais explanações.

"- Infelizmente, vivemos em um mundo no qual estamos nos tornando cada vez mais individualistas e materialistas, sempre correndo sabe-se lá para onde e para quê! Poucos são aqueles que abrem mão de sua rotina, de seus compromissos e de seus anseios pessoais para auxiliar o próximo quando este estiver realmente precisando. A verdade é que a maioria das pessoas são movidas por algum tipo de interesse, e, como aquele pobre senhor não tinha nada para oferecer em troca, ninguém o ajudou." Pg.14


A gente sabe que não pode correr da morte, afinal de contas, um dia ela chega para todos nós. Porém, a questão é: se você pudesse escolher: iria preferir morrer sem saber o dia e a forma - de surpresa? Ou gostaria de saber quando irá morrer, talvez para se planejar melhor ao longo da vida, aproveitar mais, pedir perdão? Qual a sua real opinião sobre isso?

Classificação: 4/5

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