Resenha: O conto da Aia, Margaret Atwood, Editora Rocco

Sobre o livro:



Sinopse: O grande clássico distópico de Margaret Atwood chega às livrarias brasileiras agora em nova edição em capa dura, com nova diagramação e texto extra. O romance distópico O conto da aia, de Margaret Atwood, se passa num futuro muito próximo e tem como cenário uma república onde não existem mais jornais, revistas, livros nem filmes. As universidades foram extintas. Também já não há advogados, porque ninguém tem direito a defesa. Os cidadãos considerados criminosos são fuzilados e pendurados mortos no Muro, em praça pública, para servir de exemplo enquanto seus corpos apodrecem à vista de todos. Para merecer esse destino, não é preciso fazer muita coisa – basta, por exemplo, cantar qualquer canção que contenha palavras proibidas pelo regime, como “liberdade”. Nesse Estado teocrático e totalitário, as mulheres são as vítimas preferenciais, anuladas por uma opressão sem precedentes. O nome dessa república é Gilead, mas já foi Estados Unidos da América. Uma das obras mais importantes da premiada escritora canadense, conhecida por seu ativismo político, ambiental e em prol das causas femininas, O conto da aia foi escrito em 1985, mas ganhou status de oráculo após a eleição de Donald Trump nos EUA, voltando a ocupar posição de destaque nas listas dos mais vendidos em diversos países 30 anos após o seu lançamento, além de ter inspirado a série homônima (The Handmaid’s Tale, no original em sua 4ª temporada), produzida pelo canal de streaming Hulu.

Resenha: 

NOLITE TE BASTARDES CARBORUNDORUM

"O conto da Aia", de Margaret Atwood (Editora Rocco) é uma obra distópica, considerada profunda e complexa demais, isso no mínimo, referente todas as características compreendidas. Ainda não tive a oportunidade de conferir a série homônica - The Handmaid's Tale - mas depois dessa leitura, com certeza espero conferir em breve.

Diante de uma narrativa crua, simples e ao mesmo tempo desafiadora, o leitor tem a oportunidade de conferir a vida de uma protagonista em busca de sua sobrevivência e por todas as suas constatações e os seus aprendizados diários. E isso já é suficiente forte ao perceber tudo que se passa nessa ambientação.

"Fico deitada na cama, ainda tremendo. Você pode molhar a borda de um copo de vidro e correr o dedo ao redor da borda e ele emitirá um som. É assim que me sinto: esse som de vidro. Sinto-me como as palavras em pedaços. Quero estar com alguém."

Os capítulos são curtos e extremamente objetos, em geral para poder deixar claro o que realmente importa em questão. Há poucos diálogos e isso pode tornar a leitura um pouco cansativa, porém não deixa de ser brilhante o modo como a autora explora cada cena e suas relevâncias. E é exatamente sobre isso: trabalhar com as expressões e demais sentimentos situados ao longo do texto.


O relato de Offred poderia ser facilmente descrito como poético, isso se não houvesse tanta angústia envolvida em meio ao caos da dominação e o medo tão opressivo, bem como uma saudade de se sentir livre. Por mesclar passado e presente também acaba deixando a leitura mais dinâmica, tendo em vista a respeito dos questionamentos que surgem nesse decorrer.

"Acredito na resistência do mesmo modo que acredito que não pode haver luz sem sombra; ou melhor, não pode haver sombra a menos que também haja luz. Tem que haver uma resistência, senão de onde vêm todos os criminosos, na televisão?"

E de qualquer modo, são as descrições que fazem com que o leitor queria ler o mais rápido possível, mesmo tendo a convicção de que não há muito o que esperar de positivo nessas circunstâncias mais chocantes. Uma mulher nunca estará segura o suficiente, por mais que ache que esteja, e essa obra reflete bem isso.

Impossível não se surpreender com esse desenvolvimento que é repleto de valores e reflexões marcantes. Eu nunca tinha lido nada a respeito do enredo em si, apesar de já ter visto muito sobre o livro em si, então a minha experiência se tornou uma surpresa incrível.

Classificação: 5/5 

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