Resenha: Fragmentos - Mara Gatti, Editora Penalux

 Sobre o livro:




Sinopse: Bem-vindo à sala de estar Mara Gatti. O leitor deste livro tem um encontro com a intimidade da escritora. Há neste livro uma confortável sala de ser. Como uma varanda de visitas que acolhe o leitor como observador da parte do todo, como se olhasse o apartamento por onde escreve\vive na gentileza de sua escrita em alocar móveis, cômodas; toda bagagem da autora rumo a um autoconhecimento com várias pessoas em uma. Mara Gatti investiga suas angústias drapeadas em lençóis de pergaminho, traços de suas andanças pelos analistas que não só investigam a dor da vida, mas também fazem uma janela na mulher ao projetar escutas, vozes, narrações que amplificam um passado em reconhecimento. Fragmentar-se em múltiplas personagens que sedimentam cada quarto acolhedor de espaços reservados à palavra que solta da garganta, faz trabalhar a dor de um assédio, de uma agressividade absurda, fazendo a moradora se preservar no banheiro da sua nudez. Mara neste seu primeiro livro chamado Fragmentos faz um diário-relato dentro de uma locação que é puro teatro, pois, lida com a linguagem abrasiva do drama, no cerne da vibração do movimento ao outro; da vontade plena de ser ficção real como todas as letras do Alfabeto. [Fernando Andrade]

Resenha: "Fragmentos", é o livro de estreia da autora Mara Gatti (Editora Penalux). É uma autoficção muito bem desenvolvida e repleta de expressões fortes, diante de um texto íntimo e extremamente sensível por todas as emoções situadas.

O primeiro capítulo já revela um texto intenso demais em sua abordagem, ainda mais diante tudo que vem sendo explorado na temática. Aos poucos, o leitor se vê totalmente envolvido nos sentimentos, mesmo porque é impossível não ter esse tipo de conexão com o texto e suas fragilidades.

O leitor tem a oportunidade de conhecer Sarah e todos os seus transtornos, crises e batalhas internas envolvendo depressão, ansiedade e relacionados. É necessário ter o entendimento que esse livro apresenta assuntos considerados de gatilho, como o abuso e o suicídio, então que sirva de alerta para pessoas sensíveis na leitura.


Isso é reflexo dos abusos que sofrera constantemente, o que acaba sendo bem profundo e doloroso o modo como revela os seus medos, dificuldades, a solidão e o fato de se sentir culpada. E sem contar toda a angústia de sua vida, que se revela ser algo bem compreensível, visto tudo que passou.

"Você ficava imóvel, petrificada, era como se fingisse não existir. Se você não existia, então nada estava acontecendo, mas lamento te informar que ficar imóvel não é reação, é falta dela e não leva o outro à desistência."

O modo como há a inserção de textos da própria personagem dentro do contexto é um diferencial enorme. Na verdade, é justamente isso que torna a obra mais dinâmica e especial. Faz com que haja uma proximidade maior, talvez até uma conexão, visto que existem pessoas que podem estar vivenciando algo assim, ou que se identificam de alguma forma.

Além disso, a obra ainda conta com ilustrações em preto e branco, desenhadas pela própria autora e que complementam o que é trabalhado nessas páginas.

Classificação: 4/5

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