Sinopse: É a partir do “olhar de dentro” – e do ponto de vista dos excluídos – que tem residido a potência da arte popular no Brasil, não entendida apenas como folclore, mas como produção artística de pessoas com pouca ou nenhuma formação acadêmica. Salta aos olhos a grande capacidade da periferia para assimilar influências e transformá-las em uma forma de arte original. Exemplo disso é o Carnaval, que combina artes visuais, música e dança em uma festa popular impregnada de superação e resistência. É disso que trata o presente livro, no qual Roberto Salgado de Carvalho, não por acaso um artista plástico com reconhecimento internacional, nos chama a atenção para esse olhar dos excluídos que, paradoxalmente, é também privilegiado por estar visceralmente ligado e refletir a realidade das massas populares, que difere das classes média e alta ao não cultivar a importação como regra dominante. Com foco na cultura subterrânea do Rio, cidade que mais recebeu negros escravizados na Humanidade, o autor encontra na poesia de Noel Rosa, repleta de imagens do cotidiano da então Capital da República, e no artista múltiplo Heitor dos Prazeres – pintor, compositor e instrumentista – as referências ideais para dar dimensão do poder estético e da originalidade da arte urbana brasileira, em geral produzida pela população das periferias, excluída dos padrões colonizados e forçada a viver em comunidades sem acesso às condições básicas. Essa população procurou reafirmar sua dignidade humana por meio de sua cultura.
Um livro envolto em arte, cultura, influências, valores, referências e reconhecimento do autor...
Resenha: Breve história da arte popular, do autor e artista plástico, Roberto Salgado de Carvalho, apresenta uma abordagem marcante a respeito da arte popular brasileira e em especial pela arte carioca, suas expressões, representações artísticas, contexto social e relacionados.
Em meio as cento e vinte e oito páginas, o autor consegue captar bem os reais interesses na temática e em sua proposta original. E é por isso mesmo que consegue atrair a total atenção do leitor perante os pontos destacados.
Inicialmente, a obra vai fundo ao explorar sobre o papel da colonização, divisões sociais e reação cultural das massas, além de tradições e afins, pelo foco dos excluídos nos padrões. Interessante demais poder ter tais compreensões para adentrar cada vez mais profundamente na temática situada.
Há citações do compositor, cantor e pintor brasileiro Heitor dos Prazeres e do sambista, cantor e compositor Noel Rosa, justamente para ter uma boa interação sobre o poder estético e a originalidade da arte urbana brasileira.
"Se todas as influências são naturais e universais, então os artistas menos influenciados pelos modismos do exterior e mais influenciados pelas artes locais deveriam ser igualmente enaltecidos e divulgados por também serem “naturais” e “universais”."
O livro é composto por muitas informações importantes e fica bem claro o quanto o autor se dedicou nos estudos ao longo destas páginas. O título ainda conta com ilustrações para poder ter boas visões sobre tudo que está sendo retratado, bem como exemplo de artes, criações e suas respectivas origens.
Classificação: 4/5
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