Resenha: O brilho do sol que invadiu a nossa casa - Shobha Rao, Editora Leya

 Sobre o livro:




Sinopse: Um romance de estreia eletrizante sobre o vínculo extraordinário entre duas garotas separadas pelas circunstâncias, mas implacáveis em sua busca pela amizade verdadeira. De todas as condições que promovem a exclusão social no mundo, há uma que é mais decisiva e muito mais difícil de ser "superada": ser mulher. Se esse simples fato ainda pode colocar, em pleno século XXI, mulheres maduras que tiveram acesso à educação, têm trajetórias profissionais bem-sucedidas e vivem em grandes centros urbanos do mundo em situações de extrema violência, que dirá duas adolescentes numa aldeia rural da Índia. No início deste romance, Poornima e Savitha ainda não se conhecem, mas têm as mesmas três características fundamentais contra elas: são pobres, têm muitos sonhos que sonham em realizar e ... nasceram mulheres. Após a morte da mãe, Poornima fica cuidando da casa e de seus irmãos mais novos, à espera de que seu pai consiga lhe encontrar um pretendente que o livre do fardo de ter uma filha mulher. Savitha é ainda mais pobre que Poornima e, já que não há mesmo nada a perder, ela toma a vida em suas próprias mãos e acaba se tornando uma garota alegre, curiosa, independente e perspicaz. Savitha e Poornima se tornam amigas, tecem juntas na charkha, a roda de fiar, e desejam escapar do que o destino lhes reserva: um casamento arranjado e a maternidade em série. De repente, a aldeia isolada onde as duas moram já não parece tão claustrofóbica assim, e elas começam a imaginar que há um mundo possível, para além de todos os limites e restrições que lhes são impostos. O que elas ainda não sabem é que a crueldade se esconde em todos os recantos desse mesmo mundo que elas tanto desejam abraçar. Narrada numa prosa lírica, encantadoramente bela e, ao mesmo tempo, arrebatadora, a história de Savitha e Poornima é uma ode à capacidade humana de sobreviver e de manter o sonho vivo apesar de todas as adversidades.

Resenha: "O brilho do sol que invadiu a nossa casa" de Shobha Rao (Editora Leya) apresenta ao leitor um romance único, poderoso e por vezes angustiante e desesperador demais. É também envolto por muitas características e sentimentos marcantes.

Diante de uma narrativa sutil, porém sombria, a autora trabalha em torno de uma amizade doce no meio de tanta injustiça e dificuldades. A escrita realmente impressiona pelas descrições compreendidas nas ambientações e eventos que acontecem nesse decorrer.

Duas garotas pobres unidas pelo que sabem fazer: Poornima e Savitha. Ambas vivendo na Índia e tendo que esperar para vivenciar experiências tão crueis. Criaram um vínculo forte demais e que nem a separação foi capaz de impedir com que tentassem se reencontrar. 

Não dá para negar que sempre houve esperança, apesar de tudo. Duas vidas e muitas tragédias envolvidas, mas acima de tudo: resiliência e coragem. Um livro que poderia ser definido assim mesmo, mas há muito mais que isso: existe o poder  e a intensidade ao qual uma amizade tão pura e feróz é capaz.


As mensagens nessa obra refletem um cenário triste, determinante, conturbado, solitário e odioso. Ao mesmo tempo, consegue explorar bem todas as consequências e possibilidades de ações que contradizem tanto o esperado, além da lealdade, da superação e pelas conexões feitas.

Impossível não se envolver nessa leitura, em especial por destacar o tanto de emoções - tanto na forma física quanto pelo lado psicológico - dessas mulheres. Elas precisam suportar muito e ainda assim continuar de pé e continuar a jornada pela sobrevivência.

As questões situadas nesse enredo ganham destaque pela forma como são expostas; em especial pela retratação da pobresa, dos abusos, de agressões, da prostituição, do tráfico de mulheres, e de casamentos arranjados, dentre outros.

O desfecho não é o esperado, muitos irão amar, outros irão odiar, mas ainda assim é compreensível. Difícil é não se envolver e não torcer pelos anseios das personagens no meio de suas tragédias.

• Alerta de conteúdo sensível neste livro.

Classificação: 5/5

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